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terça-feira, 4 de junho de 2013

Tum e Tum


Veio assim tão de repetente
Espontaneidade cativante
Pulsação que conquista.
Curiosidade ou intensidade?

Fluidez

Movimento
No compasso um passo.

Movimento é emoção
É sorriso
Movimentoéencontro
No meio do salão.

É teatro da vida real
Protagonizado sem esforço
Sem máscara
Dirigido pelo som do ritmo.

Tum e Tum
Pura pulsação

Movimento é transpiração
É sensação
                                        Troca é movimento
É bem querer.

Movimento do corpo
Movimento da boca que fala
Que em seguida cala
Pra sentir
Que tempo e espaço se dissipam
Quando movimento é entrega e união.

De repente
Movimento é vida!
E a vida segue com o Tum e Tum do coração...




terça-feira, 21 de maio de 2013

Meu Mundo em 6 Dias


Dedicado a Rô, Bia, Giulia e Billy 




Meu mundo antitético!
Gama de sentimentos e sensações.
Fácil de perceber, difícil é entender os porquês.

Alegria pulsante de viajar com minhas irmãs,
O coração transbordando.
Fluxo que me impele para o mundo, para fora de mim.

Meu mundo de antítese que me recebe com solidão
Ao entrar pela porta de casa e ouvir o silêncio.
Eu pergunto, ele responde: -Eco...

Pensamentos acelerados, correndo pra garantirem seus lugares,
Um espreme espreme danado.
Alguns caem no chão.
Enquanto vou tentando catá-los e recolocá-los,
Já vejo outros tantos espalhados por aí.

No clímax da confusão
Em meio a multidão
Meu olhar perdido no vazio,
Até que achei em meu ombro uma mão.
Muito obrigado grande amigo!

E a vida continua: sonhos, pessoas, projetos, trabalho, estudo.
Mas o que mais quero mesmo é Amor.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Mesa de Bar


Era mais uma daquelas noites, em um daqueles bares. Uma região antiga da cidade outrora decadente, hoje melhor frequentada por causa dos modismos de momento. Lugar abafado, nenhuma brisa se aventurava a dobrar a esquina. A umidade gerava gotículas de suor reluzentes na testa do homem ao meu lado. Mesas de sinuca, fumaça no ar e um característico som intermitente: mais uma bola na caçapa. Ao fundo tocava uma bossa já não tão nova assim. Bebidas nas mesas, umas pra brindar outras pra diluir a dor, na minha só guaraná. Na sobriedade tentava cavar um bom papo ali outro acolá... Perda de tempo. Pensei em desistir. Não conseguia ir além da rodada do futebol do fim de semana e das pernas da vizinha de mesa. Suspirei, mas dessa vez não fora pela vizinha. Passei a observar mais o ambiente na expectativa de não voltar tão vazio pra casa, tentar absorver alguma sensação diferente, mas tudo o que conseguia era a nicotina alheia que pairava densa a minha volta... Perda de tempo, quase desisti. Até que ao fundo do estabelecimento, se equilibrando entre uma mesa e uma cadeira, um homem vertia suas lágrimas, agarrado a sua garrafa que mais parecia ser de estimação. Entre um gole e outro seu copo ia se enchendo de sofrimento. Aquilo prendeu minha atenção enquanto me trazia um certo desconforto. Fiquei por alguns instantes refletindo, não em causas, mas em conseqüências, não no choro, mas na fuga, não na dor, mas na fragilidade. Chamei a atenção de um cidadão próximo. Certamente agora teria um bom assunto a discutir. No calor da prosa não sei por que cargas d’água, ele disse: “homem não chora”. Após alguns segundos o fitando inexpressivamente em profundo silêncio eloquente, finalmente desatei a chorar de tanto rir. “Garçom, aqui nessa mesa de bar, me traga outro guaraná e a conta, antes que eu desfaleça”. No fim das contas, saí do bar e ainda caminhando pelas ruas fiquei a me questionar: minha pena esta noite, a quem devo destinar?

terça-feira, 30 de abril de 2013

Lugar Comum


Apenas mais um dia comum. Avenida Brasil, pista central, sentido centro, engarrafamento desanimador. Apenas mais um trânsito comum.
Eu, do lado oposto, no contra fluxo, como prefiro, acompanho a extensão da tal garrafa, até me deparar com uma motocicleta tombada. A poucos metros, no centro da cena, um corpo jaz no asfalto. Vinte e poucos anos estendidos ali, cabeça pendida pro lado, como se estivesse pesada. Mais uma garrafa cheia dentro do engarrafamento da vida. Cheia de experiências, ansiedades e sonhos; não mais cheia de vida. Garrafas cheias em excesso acabam transbordando.
Ao olhar aquela garrafa presa a um corpo inerte, percebo um líquido sabor vida se esvaindo. O tom rutilante denunciava o caráter recente do fato.
De repente, preto e branco dominam a cena em volta diante dos meus olhos, para em seguida, destacar o líquido escarlate, escoando pelo gargalo. Reluzindo aos primeiros raios de sol da manhã, os últimos para aquele homem.
Apenas mais uma manhã comum. Apenas mais um brasileiro na Brasil. Um brasileiro comum. Neste momento não tenho capacete... Ele também não tinha.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Certeza do Amanhã


            Quem nunca sonhou com a certeza do amanhã? E com ela a possibilidade de viver sem ansiedade, dúvidas, insegurança, medos e outros monstros.
            Ainda muito novo, por um motivo que ainda não sei explicar totalmente, mas que chamaria de fé pueril, eu crescia com a certeza do amanhã. Não com a certeza de coisas, fatos, momentos, decisões e pontos finais, mas com a confiança de que o essencial, aquilo que toca a alma do ser humano, sempre estaria me esperando no amanhã certo.
            Lá se foi um hoje após o outro. Colecionei anos, coisas, fatos, momentos, decisões, pontos finais e muito do que considero essencial. Apesar da alma tantas vezes tocada, curiosamente não me livrei dos monstros. Ironicamente, de tempos em tempos minha certeza do amanhã desvanece. A despeito das lembranças do que tive, aquilo que me falta parece distante. Fico cego para a fonte da vida e me sinto desconectado.
            Saudades do sossego e fluidez da juventude. Saudades de uma época em que podia olhar para o amanhã da rede da varanda, deitado. Sinto falta dos anos em que não precisava subir por horas o cume de uma montanha nevada para encontrar a certeza do amanhã.